Em entrevista ao site O fuxico Zezé Polessa diz: "Adoro fazer coisas menores na tevê"

A liberdade artística é um dos maiores trunfos
de Zezé Polessa. Aos 59 anos, a intérprete de
Berna, em Salve Jorge, da Globo, garante que
prefere, educadamente, dizer não a um
personagem do que se repetir.
"Para mim, não tem graça viver tipos
semelhantes. Busco novas possibilidades de
atuação", admite.
A exótica turca da atual novela das nove,
inclusive, surgiu em um momento onde Zezé
queria se dedicar a uma história mais
dramática, depois do tom bem humorado de
seus ltimos personagens em Escrito Nas
Estrelas, de 2010, e Cordel Encantado, de
2011.
"Berna tem uma fixação tão grande pela
maternidad, que acabou encontrando
problemas", analisa.
Carioca, formada em Medicina pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Zezé
deixou tudo para trás em nome das Artes
Cênicas. Sua estreia na tevê foi em meados dos
anos 1980, em programas humorísticos da
extinta Manchete. Ao entrar para a Globo, em
1989, a atriz pôde experimentar o
reconhecimento do público por conta de Naná,
sua personagem em Top Model. Ao longo da
carreira, destacou-se pelos tipos fortes e
extravagantes que interpretou em tramas como
Salsa e Merengue e Porto dos Milagres.
"A cada novo trabalho, eu procuro o prazer de
viver as personagens. Sem isso, fica
complicado. Não quero ser apenas funcional
para o papel", assume.
Plano clássico
Zezé Polessa já tem planos para quando Salve
Jorge terminar. Depois de rodar o país ao
longo dos últimos cinco anos, sob a direção de
Victor Garcia Peralta, com o monólogo Não
Sou Feliz, Mas Tenho Marido, a atriz se prepara
para estrelar o clássico Quem Tem Medo de
Virginia Woolf?, de Edward Albee – com estreia
prevista para o próximo semestre.
"Quero continuar no drama. É um projeto
incrível e motivador onde vou contracenar
com o Marco Ricca", adianta.
Por conta do tempo que precisaria ter para as
leituras e ensaios do novo espetáculo, a atriz
admite que não daria conta de fazer Salve
Jorge e a peça simultaneamente.
"Seria pressão e drama demais. Já fiz muito
teatro e televisão ao mesmo tempo e ficava
muito cansada", conta, aos risos.
Porções especiais
Entre uma novela e outra, Zezé Polessa sempre
gostou de se aventurar por pequenas
participações especiais em outras produções
da Globo. Na extensa lista da atriz, constam
presenças em episódios de Você Decide, Toma
Lá, Dá Cá, Brava Gente, Os Normais, Carga
Pesada, entre outras séries e programas.
"Adoro fazer coisas menores na tevê. É onde
consigo rever amigos e diversificar minha
participação dentro da emissora", acredita.
O Fuxico: Você viajou para a Turquia mesmo
sem ter de gravar cenas de Salve Jorge no país.
O que a instigou a conhecer o região natal de
sua personagem?
Zezé Polessa: Fiz questão de ir para a Turquia
conhecer o país, seus costumes e tradições.
Foi essencial para estabelecer um ponto de
conexão com a personagem. Infelizmente, não
tive de gravar cenas lá, mas acho que sentir
aquela região foi extremamente importante
para dar conta da minha personagem. Até
porque eu estava com a cultura árabe, já vista
em outras novelas da Gloria (Perez, autora),
entranhada na minha cabeça. E não tem nada a
ver. A viagem me fez criar com mais
embasamento o jeito cosmopolita da Berna.
OF: O que mais chamou a sua atenção nessa
viagem?
ZP: A Turquia equilibra muito bem o novo e o
antigo em sua cultura. Muito disso vem da
mistura de costumes ocidentais e orientais de
um país que é metade Europa e o outra metade
Ásia. Esse grande detalhe muda tudo. E deixa o
país com um ar tradicionalista e moderníssimo
ao mesmo tempo. O par formado pela Berna
com o Mustafa (Antônio Calloni) retrata muito
esse contraste da região.
OF: Como assim?
ZP: Ele é um empresário do Grand Bazar, dono
de lojas de tapetes caríssimos. Enquanto ela
trabalha com restauração de azulejos antigos.
São ricos por conta desses trabalhos, mas
ambos têm mente aberta para os negócios e
para os assuntos familiares. O único dilema
deles era não poder ter filhos. Algo que foi
resolvido com a adoção de uma criança
brasileira.
OF: O desejo de Aisha (Dani Moreno) em
conhecer a família biológica é o ponto de
partida dos problemas de Berna. Você acha
que ela foi realmente enganada por traficantes
ou estava ciente que recorreu a um processo
ilegal de adoção?
ZP: Acho que é um pouco de cada coisa. Em
um primeiro momento, acredito que minha
personagem tenha sido ingênua demais.
Quando ela veio pegar a criança no Brasil, a
suposta assistente social disse que estava tudo
certo, mas que o processo de adoção ainda
demoraria uns seis meses para ser definido. A
menos que a Berna contratasse um
despachante. De acordo com o roteiro, ela
achou que daria dinheiro para isso e não para
comprar a criança.
OF: – A criança foi entregue a Berna durante a
madrugada em um quarto de hotel. Você acha
que foi aí que a personagem pecou ao ignorar
o crime?
ZP: Sem dúvida. A vontade de ser mãe fez com
que ela fechasse os olhos para o que estava
acontecendo. A relação dela com a Aisha é
muito forte, até porque ela não poderia ser
mãe por métodos naturais. E adotar aquela
criança foi um momento de realização para
Berna. No fundo, ela achava que estava
fazendo uma gesto de bondade e é a partir
dessa ação que os dramas dela são gerados.
OF: Você é sempre escalada para papéis mais
leves e cômicos. Voltar a interpretar um tipo
mais dramático era um objetivo seu?
ZP: Eu queria fugir do que geralmente é
reservado para mim. Berna é emotiva e tem
um lado bem trágico. A única coisa mais leve
dela é o fato de ser uma figura exótica. Achei-
a interessante desde o momento em que li a
sinopse. Não tenho nada contra personagens
de humor, tenho algumas no currículo e, por
mais semelhantes que elas sejam, sempre dei
um jeito de apronfudá-las e diferenciá-las.
OF: Você tem recusado muitos papéis
ultimamente?
ZP: Minha postura hoje em dia é um pouco
mais criteriosa. Converso com a direção da
emissora e com os produtores de elenco.
Quando aparece um personagem muito
parecido com algo que eu já tenha feito,
recuso o papel, mas não saio do projeto. Peço
para continuar na trama, mas com outra
personagem. Não tem graça ficar me repetindo
o tempo todo. Ainda mais em novelas. É difícil
até de imaginar ficar interpretando por meses
algo que não me estimule.
P – Na última década, você vem mantendo a
frequência de fazer um trabalho, seja ele
novela ou série, por ano. Esse ritmo está
deixando você cansada de fazer tevê?
R – Não estou cansada de tevê. Adoro
trabalhar em um local onde minha atuação é
valorizada e estão sempre me chamando para
trabalhar. No entanto, novela boa ou ruim,
normalmente, tem um esquema exaustivo. Por
isso, é preciso ter uma motivação a mais para
encarar o trabalho. Essa motivação pode estar
em novas técnicas da direção, uma
personagem mais consistente e diferente, uma
boa equipe.
P –  Você estava cotada para interpretar a
Muricy de "Avenida Brasil", personagem que
acabou ficando com a Eliane Giardini. Se
arrepende de ter recusado o convite?
R Eu tinha acabado de fazer "Cordel
Encantado" e teria de ir imediatamente para
"Avenida Brasil". Fiquei tentada, até porque a
diretora era a Amora (Mautner) e o trabalho
na novela das seis foi muito legal. Não tenho
do que me arrepender porque seria difícil
emendar as produções. É uma questão de
escolha mesmo. Antes de entrar para "Salve
Jorge", estava quase certa de que eu faria o
"remake" de "Gabriela". Mas a equipe da
Gloria foi mais rápida e me reservou.
P Recentemente, o canal pago Viva
reprisou "Top Model", sua primeira novela na
Globo. Você chegou a rever alguma cena sua
nesse trabalho?
R – Foi ótimo rever a Naná! Não deu para
acompanhar tudo, mas vi algumas cenas e
fiquei bem nostálgica. Não foi um papel fácil.
Era minha primeira experiência em novelas,
em uma personagem de destaque, então eu me
pressionava muito para fazer aquilo dar certo.
Engraçado, ao rever as cenas, senti o
desconforto que eu estava sentindo na hora de
gravar (risos). "Top Model" foi o tipo de
novela que, além de cair no gosto do pblico,
era muito gostosa de se fazer. Isso nem
sempre acontece.
P – Este ano, você completa 24 anos de Globo.
É possível escolher um trabalho que represente
seu amadurecimento como atriz na emissora?
R – Eu fiz muita coisa ao longo desses anos,
fica difícil mencionar somente uma
personagem. No entanto, acho que se não
fosse a Firma, de "Memorial de Maria Moura",
eu poderia ficar um bom tempo sendo
lembrada apenas por personagens de humor.
Ela tinha aquele bigodinho (risos) e foi uma
quebra, um referencial, onde pude provar para
mim mesma que eu poderia fazer uma vilã.
"Salve Jorge" - Globo - de segunda a sábado, às
21 h.

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